Você
pensa que é fácil. E talvez seja mesmo.
Depois de algum tempo longe de você, minha vida já passou por diversas
mudanças. Hoje posso dizer que, mesmo sendo só um espaço de menos de dois anos,
sou completamente diferente daqueles dias. Minhas prioridades são outras, minha
rotina mudou, e até o número do meu manequim… Apesar de tudo, meu sentimento
por você continua blindado.
Você se
afastou de mim do mesmo modo como se aproximou: antes eu convivia com você, mas
raramente nos falávamos…
Não sei por que razão, subitamente nos tornamos amigos de coração.
Amantes de corpo.
Irmãos de alma.
Ainda lembro de cada gesto seu, de cada imagem que eu vi refletida em seus
olhos e de cada vez que eu me peguei presa ao seu olhar. Sempre achei que nós
caminharíamos juntos por muito tempo… Eu sei que você também tem sua vida, seus
amigos, suas prioridades, que, assim como no meu caso, podem ter mudado
significativamente. Sei que você pode ter mudado. Provavelmente sim. E é isso
que me dá medo. É essa insegurança que domina meu sistema nervoso cada vez que
eu te vejo, junto com o seu abraço frio e o seu olhar distante. Será que seus
sentimentos mudaram com você?
Não, não
é fácil. Não é fácil te ver e saber que tudo poderia ser diferente, é difícil
pensar que tudo pode não ser nada mais pra você. Não é fácil trocar um abraço e
nem dar tempo de sentir o seu cheiro.
Seu cheiro. Ah, seu cheiro… Ainda o sei de cor.
O que aconteceu conosco?
Como não
percebemos o momento em que começamos a caminhar em direções contrárias? Nem
precisamos saber de quem é a culpa, isso já nem importa mais. O incrível é que
tudo isso surge como um déjà
vu ao inverso. Até pouco tempo, éramos tudo, agora não sei mais
o que somos. Convivemos, nos vemos e não nos enxergamos. Não nos
conhecemos.
Agora
somos alheios de coração.
Distantes de corpo.
Desconexos de alma.
Clara Elisabeth