(Texto baseado em “A cara do Brasileiro”, de Rodrigo Cavalcanti¹)
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Os brasileiros surgiram da miscigenação de culturas diversas, dentro de um contexto histórico no qual os povos foram juntos pela intolerância do pensamento de um povo que designava as culturas alheias como inferiores. Apesar das diferenças, a mistura foi condicionada, originando um povo que não é nem indígena, nem africano, nem europeu: é brasileiro e ponto.
As condições para que os brasileiros sejam como são não são difíceis de serem percebidas. Primeiramente, a história brasileira tratou de promover a integração de culturas, gerando, não simplesmente um povo multiétnico, mas um povo diferente. Pessoas que se vestiam dos pés à cabeça, proferiam o credo católico, mas pediam bênçãos aos orixás e tomavam banho todos os dias. Todos os fatores levaram aos brasileiros a apresentarem uma cultura única, com uma identidade facilmente reconhecível. O povo brasileiro é conhecido por ser alegre, receptivo, informal e caloroso. Entretanto, tal leitura não é tão homogênea, fazendo com que o brasileiro também seja visto como malandro, passivo e corruptível.
A miscigenação é, inevitavelmente, fator prioritário na formação do povo brasileiro, influenciando na aparência, costumes, modo de agir e de lidar com diversas situações. Do contexto no qual foi construída, a sociedade brasileira herdou a hierarquização causada pela economia açucareira, alimentada pelo pensamento mercantilista europeu. Ao contrário do que muitos pensam, ou do que possa parecer, a escravidão deixou marcas que até hoje configuram tal sociedade. A elite continua tendo privilégios sociais, os governantes abusam do poder e as classes mais baixas sustentam o sistema e são incitadas a acreditarem que nada significam. Quando se fala sobre o “ser brasileiro na sociedade atual”, é dificulto ter-se uma ideia homogênea sobre tal questão. Alguns aspectos, contudo, são comuns, de certa forma, entre as diversas classes sociais.
Os brasileiros são, em geral, mais informais e, além disso, tendem a optar pela formalidade apenas quando esta, na verdade, não é questão de opção. O texto de Rodrigo Cavalcanti explicita que tal característica pode ter sido herdada dos indígenas, que não utilizavam a escrita em sua comunicação, que era exercida basicamente pela oralidade que é, em si, menos formal que a escrita. Nesse aspecto, o brasileiro teve sua caracterização bastante influenciada. Uma evidência disso é pode ser identificada no mesmo texto, que cita que no Brasil, “até o presidente da República é tratado pelo apelido”.
O indivíduo Brasileiro é visto pelos outros países como figura exótica, provindo de local excêntrico e tem que saber lidar com isso. Até certo ponto, o aguçado olhar exterior de curiosidade aguçado sobre essa nação pode ser vantajoso e ótima oportunidade de levar ao expoente as qualidades brasileiras. Por outro lado, as brincadeiras sobre o Brasil vão além da conta e perdem a graça quando a mulher é vista como objeto, o mestiço tem sua etnia mais analisada que seu talento ou desempenho social, ou quando a hospitalidade brasileira abre portas e janelas para os interesses internacionais. Não é fato do passado que a cordialidade brasileira serve de atrativos para invasores que chegam às terras do “Novo Mundo” que, em clima de festa e de visita pacífica fazem planos visando aos minérios e outros recursos naturais brasileiros. Enquanto isso, esses são recepcionados com mulatas, isenção de impostos e outras regalias.
A cordialidade do indivíduo brasileiro, antes de chegar ao tratamento com seus visitantes, está integrada à base da estrutura social, permitindo que a pirâmide da desigualdade coexista com a alienação e a naturalidade com a qual o brasileiro se relaciona com a situação na qual está inserido. Obviamente, assim como todas as outras características citadas ao longo desse texto, esse aspecto de passividade apresentado por grande parte dos brasileiros não é aplicável a todos eles. Decerto, a história brasileira é marcada por lutas de resistência política, social e econômica. Atualmente, embora o caos vivido pela camada inferior da sociedade e pelos valores amplamente difundidos pela superestrutura capitalista, muitos atos políticos realizados por alguns grupos sociais, em geral, da classe estudantil, traz a lembrança do caráter resistente da sociedade brasileira.
Em oposição à imagem amplamente divulgada sobre a nação brasileira, os habitantes desse país trabalham bastante e enfrentam uma luta diária contra a miséria, a violência, o preconceito social e, dentre outras coisas, o racismo, que, por mais irônico que pareça, está presente mesmo no cenário brasileiro de miscigenação. Essa síntese étnica da qual provém o brasileiro é responsável pela cultura singular e multitalentosa que o Brasil possui e que é, infelizmente, desvalorizada no próprio território, que abriga um povo que aprendeu a superiorizar a cultura internacional, obrigando os célebres brasileiros a presentear o mundo afora com sua excelência. A culinária, a arte e cada lugar do Brasil não deixam dúvidas que as diversas influências que apresentam são sinônimos de inovação e irreverência, marcas incontestáveis dos brasileiros.
É importante ressaltar que ser brasileiro é assumir o papel dessemelhança física, artística, cultural, política e social. É conviver com as diferenças e não levar a vida tão a sério. Ser brasileiro é, acima de tudo, saber que há tanta beleza em tantos lugares e os olhos do mundo ainda se voltam para a explosão de cores da aquarela brasileira.
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¹CAVALCANTI, Rodrigo. A Cara do Brasileiro. Superinteressante. 217ª edição. São Paulo: Abril. Setembro de 2005.
Brasil, século XXI, época em que as
crianças já crescem diretamente ligadas às mais diversas tecnologias, as informações
são transmitidas em velocidade impressionante e em volume expressivo e as
pessoas acreditam que podem estar em vários lugares ao mesmo tempo. É nesse
cenário que diversos pensamentos com aspectos hostis e assuntos repletos de
tabus ainda resistem ao tempo e à modernidade.
As obras televisivas e de outros veículos de comunicação parecem deter
do poder de tratar de diversos temas de forma aberta e diretamente ao público,
que acredita, em sua maioria, estar vivendo em um país realmente democrático e
moderno. Contudo, fazendo uma análise sobre assuntos recorrentes ao cotidiano,
nem sempre é tão aberta e direta a forma como se discute sobre religião,
sexualidade, as etnias e alguns outros temas que, assim como esses últimos
apresentados, podem estar intrinsecamente ligados.
As pessoas ainda julgam as outras com base em conceitos que nem sempre
são sustentados por argumentos sólidos. Muitas vezes são conceitos arbitrários
e relativos que são professados como regras absolutas. E assim, as pessoas se
tratam com intolerância.
Recentemente uma pesquisa apresentou índices alarmantes acerca de um
pensamento machista sobre mulheres que usam roupas curtas. Não cabe aqui a
discussão sobre a validade ou não dessa pesquisa, bem como sua precisão na
apresentação de dados. Tal notícia serviu de brecha para comentários originados
de diversos indivíduos, de diversas ideologias, se chocarem e confrontarem.
Muitos confirmando o resultado da pesquisa, muitos manifestando a revolta com
os números apresentados e com o que eles significam. Inúmeras declarações
contra o machismo surgiram e, em resposta, muitos afirmaram que são
veementemente contra o feminismo.
Lendo algumas opiniões, é possível perceber que grande parcela não
entendia ao certo do que se trata, de fato, o movimento feminista. Analisando o
âmbito em que se encontra a sociedade brasileira atual, de modo geral, pode-se
concluir que a falta de informação não é o problema. Mas essas informações são
falhas, superficiais e permitem variadas possibilidades de interpretação. Esse
é o ponto.
É perceptível que as pessoas têm sede de informação, mas de velocidade
também. É expressiva a quantidade de pessoas que se desligam facilmente de um
assunto assim que obtêm uma informação que pareça suficiente e a preocupação de
investigação em diversas fontes não persiste na maioria dos casos. E é nesses
casos que as interpretações sobre um determinado ponto são aquelas que foram
intencionalmente pré-moldadas pelo informante e são difundidas e assimiladas em
larga escala. Como, após incontáveis conquistas e mudanças, ideologias
medievais ainda predominam na sociedade contemporânea? Os brasileiros ainda
vivem na ilusão se serem esclarecidos e de saberem lidar perfeitamente com as
diferenças, mas na prática, ainda trazem em si traços do Brasil Colônia.
O sistema que rege esta sinfonia social coage os indivíduos a serem cada
vez mais individualistas e a fecharem suas mentes e a tentarem impor sua
opinião ao próximo, dificultando o alcance de um equilíbrio ou de um novo ponto
de vista. E se essa tecnologia de informação exerce tamanha força sobre a forma
de pensar de tantos adultos, não é difícil de imaginar qual o futuro das
crianças que se acostumaram a ver o mundo através de uma tela.
E para saudar esses 30 anos de Axé Music, "Muito Obrigado, Axé", lindíssima canção escrita por Carlinhos Brown, grandiosamente interpretada por Ivete Sangalo e Maria Bethânia, nesse arranjo maravilhoso.
Mais um dia de trabalho. Nunca pensei que ser músico seria tão duro, principalmente para quem não tem um rosto bonitinho e nem alguém disposto a colocá-lo na telinha. Vencer por puro mérito está cada vez mais difícil, meu rei.
E levando essa vida, já passei por muitos altos e baixos, enquanto em alguns dias me reuni com amigos em bares de primeira, em outros, agradeci a sorte de ter todas as refeições do dia. Família? Nem sei por onde andam essas pessoas. Sempre fui a ovelha-negra da família e não seguir medicina só fez confirmar o que todo mundo já sabia. Aliás, deixaram bem claro que, se eu resolvesse ser cantor, eu que me virasse para achar um ombro para chorar. Não digo que sigo sozinho, não, tenho amigo, poucos, mas suficientes. Companheiros, estão comigo em todos os momentos. Somos diferentes, mas nosso som é o que nos une.
Ao longo desses anos, aprendi muita coisa. Uma delas foi a valorizar cada experiência e cada minúcia diária. Cada sorriso, cada abraço, cada olhar, cada lágrima, cada luta e cada vitória, cada tristeza e as pequenas e grandes alegrias, preocupo-me em impor a cada nota. Sempre batalhei e estudei para aprender a encaixar em cada tom tudo o que minha alma quer expressar. Foram noites perdidas, dinheiro investido em cada apostila e em cada instrumento, lembranças de cada cidade que ficaram no meio da estrada. Quantos e quantos me fecharam as portas? Quantas vezes vi meus planos afundando e levando junto meu estímulo? E os empresários, que sempre disseram que eu não sirvo para os padrões do mercado musical… Eu não ligo para fama, não, muito pelo contrário, sempre fiz parte do cenário underground. Mas sempre quis o melhor, sabe? Meu desejo é tocar o coração de mais e mais gente com meu som. E ter a garantia de cama, mesa e banho todo dia.
Hoje, escrevo porque, finalmente, compreendi que realmente não sirvo para os padrões comercias. Sim, a música hoje é um comércio. Não é mais como nas décadas de, sei lá, 70, 80, em que a música era mais que entretenimento, era estilo de vida. Diariamente observo o gosto musical viral, cada vez mais hostil e frívolo que domina cada alto falante.E ainda não sei como vocês, mulheres, se submetem a essa situação. Não, eu não quero fazer parte disso. Cada acorde, e cada letra que criei foi acreditando na essência que inflama em minhas veias.
Meu tempo está acabando e ainda vou tocar mais tarde. Show? não, um luau. Há quanto tempo não sinto esse clima de tranquilidade… Sinto-me satisfeito em não ter agenda de artista. Tenho tempo para essas pequenas coisas, tempo para essa sensibilidade. Sou feliz em ser um produto sem rótulo e fora de série.
E levando essa vida, já passei por muitos altos e baixos, enquanto em alguns dias me reuni com amigos em bares de primeira, em outros, agradeci a sorte de ter todas as refeições do dia. Família? Nem sei por onde andam essas pessoas. Sempre fui a ovelha-negra da família e não seguir medicina só fez confirmar o que todo mundo já sabia. Aliás, deixaram bem claro que, se eu resolvesse ser cantor, eu que me virasse para achar um ombro para chorar. Não digo que sigo sozinho, não, tenho amigo, poucos, mas suficientes. Companheiros, estão comigo em todos os momentos. Somos diferentes, mas nosso som é o que nos une.
Ao longo desses anos, aprendi muita coisa. Uma delas foi a valorizar cada experiência e cada minúcia diária. Cada sorriso, cada abraço, cada olhar, cada lágrima, cada luta e cada vitória, cada tristeza e as pequenas e grandes alegrias, preocupo-me em impor a cada nota. Sempre batalhei e estudei para aprender a encaixar em cada tom tudo o que minha alma quer expressar. Foram noites perdidas, dinheiro investido em cada apostila e em cada instrumento, lembranças de cada cidade que ficaram no meio da estrada. Quantos e quantos me fecharam as portas? Quantas vezes vi meus planos afundando e levando junto meu estímulo? E os empresários, que sempre disseram que eu não sirvo para os padrões do mercado musical… Eu não ligo para fama, não, muito pelo contrário, sempre fiz parte do cenário underground. Mas sempre quis o melhor, sabe? Meu desejo é tocar o coração de mais e mais gente com meu som. E ter a garantia de cama, mesa e banho todo dia.
Hoje, escrevo porque, finalmente, compreendi que realmente não sirvo para os padrões comercias. Sim, a música hoje é um comércio. Não é mais como nas décadas de, sei lá, 70, 80, em que a música era mais que entretenimento, era estilo de vida. Diariamente observo o gosto musical viral, cada vez mais hostil e frívolo que domina cada alto falante.E ainda não sei como vocês, mulheres, se submetem a essa situação. Não, eu não quero fazer parte disso. Cada acorde, e cada letra que criei foi acreditando na essência que inflama em minhas veias.
Meu tempo está acabando e ainda vou tocar mais tarde. Show? não, um luau. Há quanto tempo não sinto esse clima de tranquilidade… Sinto-me satisfeito em não ter agenda de artista. Tenho tempo para essas pequenas coisas, tempo para essa sensibilidade. Sou feliz em ser um produto sem rótulo e fora de série.
Ooi, pessoas!
Boa viagem!
Tudo bom?
Nesse clima de carnaval, enquanto muita gente está curtindo a folia de suas cidades, sei que muita gente vai curtir a folga fora de sua cidade e um pouco de música pode ser uma grande companhia para viagens.
Pensando nisso, separei algumas músicas que eu adoro ouvir no caminho:
Boa viagem!
"Sabe, quando a felicidade invade quando pensa na imagem da pessoa, quando lembra que seus lábios encontraram outros lábios de uma pessoa... E o beijo esperado ainda está molhado e guardado ali em sua boca, que se abre e sorri feliz quando você fala o nome da pessoa, quando quer beijar de novo e muito os lábios desejados da sua pessoa, quando quer que acabe logo a viagem que levou ela pra longe daqui..."
(faça você mesm@)
Olá, pessoas!
Primeiramente quero dizer que amo tudo que possa ser reaproveitado, pois, além de reduzir a geração de lixo que virará entulho no planeta, pode ter um custo bem baixinho (o que, aliás, me interessa muito hehe).
Quando tenho um tempinho sobrando, fico caçando as coisas que deixei de lado ao longo do ano, e aproveito pra fazer. Uma dessas coisas era algo que pudesse dar um toque no meu desktop, onde eu achava que estava faltando algo. Resolvi fazer uma decoração com vela, que deixa o quarto aconchegante (exceto quando o calor está absurdo), decora e ainda pode ser usado tanto em decoração de festas e jantares, quanto nos outros dias na minha mesa.
Fiz duas versões, sendo um maior e um menor, e tudo que usei foram esmaltes de unha, cola ”maluca”, elástico dourado, tesoura e copo de patê pronto (para o menor) e de extrato de tomate (para o maior).
A ideia nada mais é do que decorar o recipiente por fora e colocar vela dentro (ou outros objetos) e pronto, vai tudo de acordo com o gosto e com a imaginação, mas deixo aqui minha sugestão. A escolha da decoração dos copos foi porque acho simples, bonito e além de combinar com meu quarto - e comigo-, combina com quase tudo.
Chega de falar. Mão na massa!
PASSO-A-PASSO:
1- Os esmaltes que usei foram “Show de Bola”, da Risqué (escuro) e “Crystal” da Jequiti.
2 - Com o mais escuro, fiz uma espécie de “rodapé” na base do copo, com cerca de meio centímetro de altura.
3 - Esperei secar o esmalte e depois usei o elástico colombe da marca São José, na cor ouro.
4 - Enrolei o elástico em volta do copo, dando cerca de dez voltas, usando cola maluca para fixar as extremidades.
5 - Cortei as sobras de elástico com uma tesoura e fiz um acabamento com o esmalte mais claro, formando uma faixa bem clara logo acima do elástico dourado.
6 - ainda com o mesmo esmalte escuro que usei na base, pinguei alguns pontos em parte da área restante do copo, formando uma espécie de poá e esperei secar.
7 - Usei um pedaço de vela comum, daquelas básicas brancas, dentro da base que foi de outra vela que acabou, mas dá pra colocar diretamente no copo, ou mesmo numa tampinha de garrafa, por exemplo, pois fica mais fácil de limpar depois, já que a vela grudaria no fundo do recipiente.
8 - É só colocar a vela dentro, acender e pronto. Dá pra usar também para colocar outros tipos de objetos, a seu gosto hehe.
*Obs.: Na versão do copo menor, o esmalte mais claro usado foi o “Platino”, da Risqué.
Espero que tenham gostado!
Abraços!
*Obs².: Não sei dizer o custo pois a ideia foi justamente usar tudo o que eu já tinha em casa, então eu não tive que comprar nada ;) aliás, a ideia é justamente essa, reaproveitar o que já temos e está lá, se acumulando, sem utilidade.
A violência tem assumido índices cada vez mais expressivos no Brasil. Mais que estatística, o medo e a hostilidade fazem parte da realidade da maior parcela dos Brasileiros, inclusive das crianças e adolescentes, sendo esses vítimas ou algozes.
Ainda não há uma maneira muito eficaz de administração dos inúmeros e distintos casos de jovens infratores no Brasil e uma questão que constitui uma das bases das principais discussões sobre o assunto ainda é pertinente: a mais adequada idade mínima de penas carcerárias para o jovem infrator (mantém-se ou reduz-se?). As opiniões divergem e convergem em diferentes aspectos, mas o fato é que a questão de adolescentes criminosos é muito complexa para ser tratada apenas pela via penal.
É claro que não defendo a impunidade, mas os casos de crimes cometidos antes mesmo da idade adulta merecem ser analisados com o devido cuidado . Enquanto os valores familiares não receberem a devida importância, muitos jovens hostis ainda serão formados nessa sociedade. A punição por si só nem sempre é uma solução e muitas vezes torna o adolescente potencialmente mais violento. É como aquela criança que apronta, é posta de castigo, e depois repete o feito. Por vezes, a criança sequer tem noção do erro que cometeu; por outras, o fez já sabendo que era errado e assumindo as consequências. Certas vezes já ouvi algo como “e daí? Vou apanhar, mas depois passa”. Na maioria dos casos, apenas o castigo não é solução de problema algum. É de maneira semelhante que ocorre com jovens criminosos.
Caso o sistema penal brasileiro não passe por uma mudança estrutural que busque acompanhamento psicológico, social e educacional – perdão pelo clichê de que educação é a base de tudo – que não apenas encurrale o jovem, tratando-o com descaso, e o devolva à sociedade da mesma maneira (ou pior) de que quando foi isolado dela, não fará diferença alguma se a maioridade penal for dói, quatro, seis anos a mais ou a menos.
O Livro “Mulher de Roxo”, da jornalista Patricia Sá Moura é parte da Coleção Gente da Bahia, da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, e conta, de forma leve e irreverente parte da história de uma grande figura lendária de Salvador, a Mulher de Roxo.
Aquela que também é conhecida como a Dama de Roxo de Salvador ficou famosa por circular pela Rua Chile e seus arredores nos anos 70, ficando grande parte das vezes em frente à Casa Sloper, famosa loja de Salvador na época, sendo centro de compras de variados artigos e considerada destaque, pois foi a primeira a ter uma escada rolante, o que a tornou uma espécie de atração em meio aos outros estabelecimentos.
Muitas das coisas que fizeram a Mulher de Roxo se destacar no cenário baiano se deve aos mistérios que a envolvem, relacionados ora à sua origem, ora ao seu modo de viver, e até ao que se passava em sua mente. A Autora conseguiu, de forma muito eficiente, relacionar os relatos, reportagens e histórias acerca daquela que, não se sabe ao certo nem o nome, e reuniu nessa obra fatos e características da Mulher de Roxo e ainda situar o leitor na cidade de Salvador naquela época, bem como seus lugares, os estabelecimentos, os costumes e as pessoas.
O livro ainda conta com fotografias e um mapa de Salvador da Rua Chile e suas adjacências por volta dos anos 70. A arte interior da capa traz uma obra feita na época no painel da Assembleia Legislativa da Bahia por Carlos Bastos em 1973, trazendo a Galeota Gratidão do Povo, e homenageando figuras ilustres da Bahia, com destaque para a mulher de Roxo em seu comando.
A Mulher de Roxo ainda foi homenageada ou serviu de inspiração em outras obras, como no filme ”O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha. Mais recentemente, foi representada por Selma Santos em “A Mulher de Roxo”, uma montagem de Deolindo Checcucci. Também ganhou uma Crônica de Jolivaldo Freitas, no livro “Histórias da Bahia” e ainda tem uma música em sua homenagem, chamada "A mulher de Roxo", da Banda Cascadura.