Não é só desejar “Feliz Dia das Mulheres”. Não é só lembrar em um dia no ano que as mulheres são “especiais” (seja lá qual for o sentido que se atribui ao se empregar essa palavra na frase). Lembrar do dia das mulheres é lembrar da luta que marca essa data e que é enfrentada todos os dias. A luta por respeito, por liberdade (moral, física e financeira), pela posição na sociedade, por ter uma voz a ser ouvida.

Não adianta desejar “feliz dia das mulheres” e ficar gritando “gostooosa!” no meio da rua como se a mulher fosse um pedaço de carne. Não é só falar “parabéns pelo seu dia” e ficar censurando o comprimento da roupa que uma mulher usa (mesmo que você seja mulher também). Não adianta lembrar dessa data e fazer piadas infames quando vir uma mulher dirigindo. Do que adianta as marcas fazerem homenagem ao dia das mulheres se são essas mesmas mulheres que consomem a cervejas publicadas na propaganda que parecem estar vendendo as “modelos” ao invés do respectivo produto?

Vários 8 de março se passaram, os presentes se passaram e as felicitações também. Ainda hoje, os homens continuam respeitando seu próprio gênero: se ele deseja uma mulher, não basta que esta diga “não”, ele só respeita quando descobre que “a desejada” tem namorado. “Não” é “NÃO”. Ainda há ginecologistas que fogem da ética profissional. Devo deixar claro que há suas exceções, pois os homens não são todos iguais, assim como as mulheres também não.

Ainda temos que andar com medo nas ruas, mesmo quando não estamos portando nenhum objeto “de valor”. Ainda nos impõem o “pudor” e as “boas maneiras”. Fugimos dos espartilhos, mas ainda nos dizem que para ficarmos bonitas temos que usar aquelas calças absurdamente apertadas, temos que carregar no rosto produtos que nos deixam todas iguais e ainda usar calçados que deformam nossa estrutura óssea.

Ainda declaram “marido e mulher”. Como assim? após o casamento, o homem se torna marido e a mulher se torna… mulher? E antes de casada, o que era? 

A ideologia que diz respeito a tais assuntos não mudou muito ao longo da história, foi apenas mascarada. Ainda dividem as brincadeiras em categoria: essa é de menino, essa é de menina. Ainda evitam falar de sexo com as filhas, embora as mesmas ganhem bonecas para simular seu rebento. Então, as mulheres continuam servindo para dar prazer aos homens e procriar. As mulheres não podem xingar. Não podem sentar de perna aberta. Devem exprimir delicadeza. Devem evidenciar a feminilidade. Devem ter postura. Devem saber se arrumar. Devem ser organizadas. Devem aceitar as coisas educadamente sem reclamar. Devem saber cozinhar. Devem ser “prendadas”. Devem… devem… devem… 

As mulheres não consideram assédio quando o homem fica sem camisa (é só calor, que mal há nisso?). Mas se as mulheres vestem roupas curtas, são oferecidas (vixi, aquela dali tá pedindo!)

Não quero ser lembrada um dia ao ano. Quero (exijo) ser respeitada TODOS OS DIAS.