Querer conversar, mas não saber exatamente o quê.

Por vezes acho que deveria contar quantas horas da minha vida passei tentando encontrar uma desculpa para matar essa vontade louca de falar com você quando não havia nenhum motivo aparente ou quando eu já tinha perguntado sobre o seu dia, falado sobre o nosso time ou sobre as notícias cotidianas.

Certa vez me disseram que isso é um bom sinal, pois talvez signifique que eu gosto de você o bastante para que nossa conversa seja mais que por alguma necessidade, mas por prazer. Afinal, principalmente nos novos tempos, não é todo mundo que nos faz investir num pouco de tempo e paciência para uma boa conversa. Eu sei, não sou a melhor pessoa para falar disso, afinal até quando eu consigo falar com você, acabo deixando a conversa chegar ao fim quando deveria estar só no meio.

Por vezes acho que não é um bom sinal. Começo a pensar que isso talvez demonstre minha falta de capacidade de falar sobre assuntos diversos – provavelmente uma limitação cultural/intelectual – ou que eu saiba pouco sobre você. Sinceramente, penso que as duas opções são verdadeiras. Na verdade, ao mesmo tempo em que geralmente me sinto intimidada pela sua inteligência, maturidade e sabedoria, também não me sinto à vontade para perguntar um pouco mais sobre você. Não é falta de interesse, lhe juro! Muito pelo contrário, aliás.

Aí está outra qualidade que não temos em comum: essa sua capacidade de se relacionar com as pessoas e fazer com que elas confiem em você a ponto de, em pouco tempo, contarem sobre si como se fossem seus amigos de infância. Bem, falo pelos exemplos que vejo, claro, porque, como já disse, sinto que conheço muito pouco da sua vida.

Posso estar criando um problema enorme mesmo sabendo uma possível solução simples, mas acredite, eu não consegui resolver isso simplesmente por não saber por onde começar. Não sei exatamente o que ou como te perguntar, embora ache que você não me negaria respostas. Só tenho medo de pisar em terras desconhecidas e isso ser considerado invasão.

Mentira. Não posso dizer que esse é o único motivo da minha hesitação. Confesso que também evito falar demais para não ser desnecessária ou qualquer coisa que te faça perder a vontade de conversar comigo e eu ficar nessa vontade louca de falar com você. Mas de que adianta, se hesitar dessa maneira me faz ficar aqui, nessa vontade louca de falar com você?

Pensando bem, tem um detalhe que eu ainda não tinha levado em consideração. Nem sempre o meu silêncio é por não ter o que falar. Chega um momento em que o que ecoa em meu peito não são perguntas, mas afirmações que simplesmente não podem ser ditas. E que eu tenho essa vontade louca de falar pra você.